Roberto Bolaños e suas maiores criações
Não há muito o que explicar, não há muito o que ser
acrescentado sobre uma personalidade que conseguiu com a força de seu carisma
unificar toda a América Latina e, como consequência, todos os cidadãos latinos
ao redor do mundo.
Roberto Bolaños até hoje me faz rir com seu humor leve e despretensioso.
Nunca apelativo e nunca de duplo sentido malicioso. Nós rimos todos juntos da
mesma forma, quer sejamos crianças, adultos ou idosos.
O simples embate entre
as diferentes personalidades de suas criações já era o suficiente para criar em
nós o riso, a empatia e até mesmo fazer brotar algumas lágrimas.
O “Pequeno Shakespeare” – como era conhecido e proclamado
por seus fãs – teve em todo o imenso conjunto de personagens pelo menos duas
obras primas: “El Chavo Del Ocho” (Chaves) e “El Chapulin Colorado” (Chapolin).
Os moradores da sua vila mexicana imaginária poderiam viver
em qualquer país da América Latina dos anos 80 e 90, com todas as glórias e
todas as dificuldades que envolviam ser pobre e assalariado em economias
capitalistas desgastadas. Amávamos o “Seu Madruga”, a “Chiquinha” e o “Chaves”
porque nos víamos neles - em uma espécie de espelho mágico - que refletia
nossas mazelas de terceiro mundo.
Outros personagens como o “Senhor Barriga”, a “Dona Florinda”
e o “Professor Girafales” encarnavam – de uma certa forma – o outro lado da
moeda, que mostra os favorecidos pelo sistema, os opressores. Se bem que sempre
tive a impressão de que não passavam apenas de pobres “deslumbrados”, uma
mostra dessa “opressão” eram os tapas que o “Seu Madruga” recebia todos os dias
da deslumbrada “Florinda”.
O Chapolin nos trazia para a tela as fantásticas aventuras
de um herói (com poderes contestáveis), derrotando vilões nem sempre tão maus –
excetuando o violentíssimo “Tripa Seca”, o pirata “Alma Negra” e o pistoleiro “Racha
Cuca” – em situações das mais esdrúxulas. O herói mais sem-noção de todos os
tempos criava uma empatia quase instantânea com os expectadores seus bordões
como “sigam-me os bons”, “não contavam com minha astúcia” e “se abusam da minha
nobreza” que, aliás, tornaram-se clássicos.
Por todas as boas risadas que você me proporciona, por todas
as boas piadas que você contou, por toda a moral escondida e toda a crítica
social escondidas em suas crônicas da realidade que você travestiu de programas
humorísticos, pelas horas de diversão sadia, pelo riso da criança que fui e,
por fim, por todas as boas lembranças da minha infância que brotam quando vejo
na TV, suas criações em forma de programas roteirizados. Muito Obrigado, Roberto
“Chespirito – Pequeno Shakespeare” Bolaños ou pra mim, simplesmente Chaves.
Como dizia a capa de um jornal aqui do Rio no sábado: “Espero que no céu tenha
sanduíche de presunto.”
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Andre Rangel é fã do Chaves, curte muito o Chapolin porém não é assim tão apreciador de
Sanduíche de presunto.
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