segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Contra quase tudo, contra quase todos e a favor das cartas

Estou em 2015, em dezembro de 2015, na semana do natal para ser ainda mais preciso. Talvez em um futuro longínquo não vá saber do que exatamente estou falando, por isso vou me investir de dotes jornalísticos e resumir um fato que foi muito comentado por esses dias. Não sei se isso vai ser estudado ou virar pauta nas aulas de história do Brasil mas o fato é que nossa atual presidente Dilma Roussef está passando por um processo de impeachment. Há mais ou menos duas semanas passadas, o nosso atual vice-presidente procurou uma forma de se desvincular das atitudes e da pessoa da atual presidente, para tanto se valeu da escrita de uma carta à princípio de caráter pessoal que enviou à presidente, mas que permeou todos as nossas mídias.
Desvinculando-me agora dos pormenores da mensagem, de suas implicações políticas e ou fisiológicas – talvez vocês no futuro já saibam no que deu isso tudo, mas aqui em dezembro de 2015, nada ainda foi resolvido – eu me apego à ojeriza que o envio da carta causou em nossa nação tecnológica, digital e virtual do início do século 21.
Só uma coisa que não poderia deixar de comentar: não sei se vocês ainda se utilizam do modelo conhecido como “rede social”, nesta semana por ordem judicial foi decidido que o whatsapp – um comunicador e uma das redes sociais que mais utilizamos em nossos aparelhos de telefone celular – tivesse sua funcionalidade suspensa em território nacional o que quase causou uma síncope nacional.
Posts e mais posts viralizaram na internet, fosse no facebook,no  twitter, no instagram ou no whatsapp, todos ridicularizaram o fato do vice presidente ter enviado uma carta – escrita (não sei se à mão) – à presidente.  
Eu venho render meus préstimos à velha carta. Sim à bisavó do email, prima irmã do bilhete e mãe de todos os jornais. Eu amo cartas. Não as recebo com freqüência, mas de vez em quando ainda me presto a sentar, abrir meu caderno e escrevê-las.  À mão como nos velhos tempos. Alguns dos meus textos que são aqui postados também nascem em folhas, com canetas em punho, deitado no chão ou sentado em algum canto no silêncio das palavras não ditas.
Existe algo de gentil e glamuroso nas cartas escritas à mão, elas são exclusivas, não podem ser reproduzidas em série e nem impressas quando pressionamos crtl+p. Esse tipo de carta envolve tempo, dedicação, carinho, capricho e atenção aos detalhes. Acredito realmente que você deixa um pouco seu em cada carta escrita à mão que envia.
Já enviei cartas das quais me envergonho, outras das quais tenho orgulho, algumas que jamais me lembrarei e outras que não me saem da cabeça. Cartas que escrevi pra mim mesmo, cartas que jamais tive coragem de entregar aos destinatários. Que as cartas vivam. Nosso país teve seu início com uma carta, grande parte do novo testamento na bíblia são cartas que Paulo enviou às igrejas ainda em formação.

Aos que torcem o nariz pra mim, sem problemas. Me enviem uma carta contando o que pensam.

André Rangel não vai escrever uma carta pro papai noel.

"Você me pede na carta, que eu desapareça ..."

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