O meu último texto foi quando meu pai morreu. Qualquer dia desses vou
escrever um romance intitulado “O escritor de epitáfios”, a Shirley disse que
eu só sei homenagear gente morta. Talvez seja verdade. Talvez não seja.
Acredito que os vivos tenham sempre mais uma oportunidade de desfazer a imagem
boa que tenho de alguns deles. Já aqueles para quem escrevi - todos sem exceção – deixaram excelentes
lembranças e, mais que isso, saudades que doem.
Agora aqui estou eu. No Word. Digitando. Pensando na validade de
publicar ou não algo que ninguém vai ler. Publicar pelo simples prazer de sair
da inércia. Pela experiência de tentar novamente. Já sonhei em ser um bom
escritor. Já sonhei em ser um escritor conhecido e reconhecido. Já sonhei. Não sei
se sonho mais.Pelo menos não tenho trabalhado nisso, não me sobrevêm a
inspiração e não realizo a transpiração para tanto. Segundo o facebook,
Sylvester Stallone se trancou e só saiu de onde estava quando o roteiro de “Rocky
– Um Lutador” já estava pronto. Segundo a História, George Orwell se trancou em
um celeiro por 30 dias e só saiu de lá com a sua obra “Revolução dos Bichos”,
completa. Talvez essa transpiração me falte. Se escrever é um exercício, estou
eu aqui obeso de alma, gordo mental pela total ausência de malhação literária.
O que me conforta é que Bernard Cornwell, autor de vários romances históricos,
entre eles as crônicas saxônicas, as quais eu devoro com gula animal, em
entrevista que li, disse não saber exatamente em que ponto de sua rotina os
livros surgem, pois eles simplesmente surgem. Devo confessar que essa
declaração me fez repensar a transpiração em escrever. Mas não devo me
acomodar. Não mais.
Vou ficando por aqui com minhas dúvidas literais e literárias. Se alguém
alem de mim chegar a ler é porque eu resolvi desblogar-me, se por outro lado,
ficar aqui perdido dentre os documentos deste notebook, então talvez o silêncio
ainda reine.
Andre Rangel ainda só transpira fisicamente.
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